O mês de agosto terminou com uma dualidade que define o momento atual dos investimentos: no cenário global, o otimismo com um possível corte de juros nos EUA em setembro ganhou força; já no Brasil, os riscos fiscais voltaram a ser o principal foco de atenção, exigindo cautela e seletividade.
Diante deste cenário, nosso comitê de investimentos optou por manter a estratégia de alocação inalterada para setembro, uma decisão que reflete nossa confiança no posicionamento atual para navegar o ambiente de juros altos no Brasil e as oportunidades que se desenham no exterior.
Abaixo, detalhamos a composição atual das carteiras e, em seguida, a análise que fundamenta nossa estratégia.
Nossa Estratégia para Setembro de 2025
Perfil Conservador
- Sem alterações para o mês. A estrutura segue focada na segurança, com 75% da carteira em Pós-fixado e 25% em títulos atrelados à Inflação, com foco em papéis de duration média e longa.
Perfil Moderado
- Renda Fixa: A base da carteira segue com 50% em Pós-fixado, 30% em títulos de Inflação e 7,5% em Prefixados.
- Renda Variável: Mantemos a exposição de 2,5% em Ações Nacionais, focando em grandes empresas com resultados sólidos. Na parte internacional, seguimos com a exposição em 5,0%.
- Diversificação e Proteção: A posição em Ouro (Hedge) de 2,5% e a alocação em Multimercados (2,5%) são mantidas para proteção e diversificação a longo prazo.
Perfil Agressivo
- Renda Fixa: Mantemos a posição em títulos Prefixados em 8,5%, além de 32,5% em títulos de Inflação e 21,5% em Pós-fixado.
- Renda Variável: Sustentamos a alocação de 10,0% em Ações Nacionais, de olho no valuation atrativo da bolsa, e mantemos a exposição internacional em 17,5%.
- Diversificação e Proteção: A posição em Ouro (Hedge) de 5,0% e a classe Multimercado (5,0%) seguem como importantes diversificadores na carteira.
A Análise que Fundamenta Nossa Estratégia
Cenário Doméstico: Prudência, Foco na Qualidade e a Força do CDI
No Brasil, a dívida pública e os impactos da política fiscal se acentuaram. Os dados recentes mostram sinais mistos na economia, com desaceleração em setores como produção industrial e varejo, e aumento da inadimplência. O Banco Central reforça a cautela, o que sugere que a taxa Selic deve permanecer em patamar elevado por mais tempo.
Neste ambiente, o CDI a 15% ao ano segue sendo um porto seguro de alta rentabilidade. Nossa estratégia, portanto, continua sendo a de manter uma exposição relevante em Pós-fixados, mas buscando ativamente produtos de alta qualidade que superem o benchmark, como fundos de crédito com boa liquidez e risco controlado. Continuaremos alocando também em ativos que superam a inflação (Tesouro IPCA+), esclarecendo que esses ativos demandam tempo (de 2 a 4 anos) para que os resultados comecem a aparecer nos relatórios de acompanhamento. O investidor de títulos de inflação deve, portanto, ter a compreensão de que a parte do patrimônio alocada em “inflação” poderá ficar abaixo do CDI por algum tempo até começar a entregar os resultados esperados.
E a Bolsa brasileira? Mantemos a Visão de Oportunidade para o Longo Prazo
A temporada de resultados do segundo trimestre foi a melhor dos últimos três anos, com 57% das empresas superando as estimativas. Isso reforça nossa tese de que, apesar da volatilidade de curto prazo, o mercado de ações brasileiro segue atrativo. Conforme destacamos no mês passado, o Ibovespa opera com um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) descontado em relação à sua média histórica. Acreditamos que essa avaliação, somada à perspectiva de um eventual corte de juros quando a atividade econômica mostrar um arrefecimento mais claro, cria um ponto de entrada interessante para o investidor paciente, representado pelo perfil “agressivo” já mencionado.
Cenário Internacional: Expectativa pelo Corte de Juros e a Validade da Diversificação
No exterior, a expectativa de que o Fed inicie os cortes de juros em setembro se consolidou. Essa mudança de postura da autoridade monetária tende a beneficiar os mercados emergentes e a enfraquecer o dólar globalmente.
Este cenário valida ainda mais nossa estratégia de diversificação e proteção. Como mencionamos anteriormente, há um movimento estrutural de bancos centrais globais comprando mais ouro do que títulos do Tesouro dos EUA, buscando segurança e desvinculação do dólar. Esse movimento não era visto há décadas. Nossa alocação em ouro e a diversificação em mercados fora dos EUA seguem exatamente essa lógica prudente, funcionando como um seguro de longo prazo para o patrimônio.
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Hugo Affonso, CFP®