Investidora observando dados do mercado financeiro.
17 de abril de 2025

Cenário Econômico do 1º Trimestre de 2025: Análise, Estratégia de Investimento e Reflexões

Por Hugo Manoel Marcato Affonso, CFP®

Compartilhamos a seguir nossas observações sobre o cenário econômico no início do segundo trimestre de 2025 e suas potenciais implicações para seus investimentos. Na última reunião do nosso Comitê de Investimentos, realizada em 9 de abril, decidimos manter as atuais alocações de patrimônio nas carteiras conservadora, moderada e arrojada, diante do cenário que observamos.

Cenário Econômico no Brasil:

O Banco Central elevou a taxa Selic para 14,25% em março. Acreditamos que há probabilidade de nova elevação em maio, embora a magnitude possa ser menor do que as expectativas iniciais, considerando as recentes ações do governo para estimular o consumo, como a liberação do FGTS e a reformulação do crédito consignado CLT, além da proposta de isenção de IRPF para rendas até R$ 5 mil.

É importante notar que o risco desses estímulos se converterem em inflação, em vez de impulsionar o crescimento do PIB, é considerável. As elevadas taxas de juros naturalmente restringem investimentos, e o mercado de trabalho aquecido não encontra uma expansão correspondente na oferta de produtos e serviços.

Diante das medidas de incentivo ao consumo, é provável que a inflação (IPCA) supere as projeções para o final de 2026 e o início de 2027. Infelizmente, ainda não há clareza sobre quando o ciclo de alta da taxa Selic será interrompido.

No orçamento de 2026, divulgado recentemente, o governo manteve a meta de superávit primário de 0,25% do PIB (R$ 34,3 bilhões) e prevê um salário-mínimo de R$ 1.630. Contudo, a exclusão dos precatórios da revisão de gastos levanta preocupações sobre um possível colapso fiscal em 2027, caso medidas adicionais não sejam implementadas. Observamos um leve recuo nas taxas dos títulos prefixados de 10 anos (-0,07%, para 14,60%) e dos títulos indexados à inflação com vencimentos em 2029 (-0,26%, para 7,69%) e 2040 (-0,41%, para 7,27%).”

Cenário Econômico Internacional:

O cenário externo permanece desafiador, com a persistente disputa comercial entre Estados Unidos e China sem sinais de resolução imediata. Em 16 de abril, o presidente do Federal Reserve (Banco Central americano), Jerome Powell, disse que vai aguardar por mais dados antes de tomar novas ações de política monetária. Essa comunicação frustrou as expectativas de um posicionamento mais proativo para tranquilizar os mercados, gerando apreensão em Nova York. Powell enfatizou a incerteza sobre o impacto das tensões comerciais no emprego e nos preços, indicando a necessidade de maior clareza antes de qualquer decisão.

Após essa declaração, e em um contexto já pressionado pela decisão dos EUA de restringir as vendas da Nvidia para a China, observamos uma aceleração na venda de ações. Paralelamente, houve um aumento na demanda por ativos considerados mais seguros, como títulos do governo americano, ouro e o franco suíço, refletindo a crescente instabilidade e aversão ao risco nos mercados globais.

Estratégia de Investimento:

Diante deste cenário internacional incerto e volátil, a manutenção das estratégias de investimento que temos adotado se mostra prudente. As medidas preventivas que implementamos anteriormente, visando mitigar grandes oscilações nos seus investimentos, têm se mostrado eficazes na proteção do seu patrimônio. Contudo, seguimos monitorando de perto a evolução da economia global e, caso haja um agravamento significativo, poderemos implementar medidas ainda mais conservadoras.

É fundamental, mesmo em tempos de incerteza, manter a perspectiva de longo prazo e a disciplina de continuar investindo em ativos com potencial de retorno. Essa abordagem estratégica nos permite estar posicionados para aproveitar eventuais oportunidades de valorização, caso o mercado apresente sinais de recuperação. Ao equilibrar a cautela necessária com a busca seletiva por oportunidades, nosso objetivo é proteger seu patrimônio e, simultaneamente, buscar o crescimento consistente ao longo do tempo.

A solidez financeira se constrói com o tempo, através da manutenção dos aportes regulares e da aplicação de princípios de sabedoria e prudência em nossas decisões de investimento. São esses valores que nos ajudam a preservar nosso patrimônio e a buscar um crescimento sustentável a longo prazo.

Nos próximos dias celebraremos a Páscoa e gostaria de sugerir uma reflexão: estamos realmente dando mais valor à sabedoria e à prudência – princípios que também guiam nossas decisões financeiras – do que simplesmente ao acúmulo de bens? Como podemos buscar o que realmente traz valor para nossas vidas? Perdoando os erros do passado, superando desafios e confiando em um futuro promissor.

Como sempre, coloco-me à disposição para quaisquer dúvidas e para conversarmos sobre suas estratégias de investimento. Juntos, continuaremos a tomar decisões financeiras com inteligência e baseadas em princípios sólidos.

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