Em síntese, há duas alternativas: procurar formas de aumentar receitas e reduzir as despesas.
Publicado originalmente em 23/08/2022 na Época Negócios.
Essa pergunta é uma das mais comuns nas conversas com clientes de planejamento financeiro. Indo direto ao ponto, a resposta está relacionada, em maior grau, às habilidades comportamentais do indivíduo (ou da família) do que às suas habilidades técnicas. Na verdade, é uma combinação dessas habilidades que nos ajuda a atingir um saldo positivo e tranquilidade financeira.
A prática do planejamento financeiro nos leva a revisitar valores pessoais, os princípios, de quem contrata o serviço. A revisão dos objetivos de curto, médio e longo prazos também é necessária. Muita gente ainda não teve a oportunidade de definir esses dois itens com calma, serenidade e, principalmente, sinceridade consigo mesmo. Além disso, reavaliar os princípios e os objetivos de tempos em tempos é salutar. A vida muda e seus objetivos também! Assim, cumpridas essas etapas preliminares e essenciais, e entendendo que o planejamento financeiro é um processo de longa duração, podemos avançar para questões de ordem prática.
Como o leitor já deve imaginar, para manter o saldo positivo será necessário avaliar o fluxo de caixa do indivíduo ou da família. Todos entendem que, na fórmula “receitas – despesas = saldo”, as receitas precisam ser maiores que as despesas para resultar em saldo positivo. No papel é fácil. Na prática, para muita gente, no final do mês falta saldo e sobram dias! Atualmente, considerando a escalada da inflação e seus reflexos em praticamente todos os setores da economia, está bem mais difícil ter saldo positivo.
O que fazer? Em síntese, há duas alternativas: a primeira é procurar formas de aumentar receitas. Para isso, é possível avaliar as suas habilidades pessoais e verificar se consegue ser mais produtivo, ou até demonstrar que seu trabalho tem mais valor agregado. Ter uma segunda atividade remunerada por algum tempo, e sem comprometer o equilíbrio do tempo para suas atividades familiares e de lazer, pode ser uma saída.
A segunda alternativa é reduzir despesas. Nesse momento, as reflexões sobre seus valores pessoais e objetivos serão ainda mais úteis. Se existe clareza de objetivos e alinhamento de valores, será mais fácil abrir mão de algum conforto em prol de aumentar o saldo no final do mês por algum tempo. Reconhecer que existe uma recompensa no final ajuda no engajamento. Alguns exemplos comuns de despesas que podem ser reduzidas: assinaturas de serviços de streaming, alimentação fora de casa, itens de consumo, transporte.
Outra pergunta que pode ajudar: isso que desejo comprar é realmente necessário agora? A família também pode ajudar nessas mudanças de hábitos de consumo e a conversa precisa ser franca. Se houver parcelamentos ou dívidas, é fundamental procurar quitá-los e não fazer novos compromissos futuros. Em tese, esses passos ajudam a resolver a questão do saldo positivo. Na prática, muita gente precisa de ajuda profissional para conseguir êxito nessa jornada. São necessários alguns meses de mudança de hábitos de consumo e de revisão no cálculo mencionado de “receitas – despesas = saldo” para atingir o equilíbrio desejado.
A tranquilidade financeira é um conceito muito mais abrangente e subjetivo. Em poucas palavras, além de procurar colocar em prática as sugestões para ter saldo positivo, é necessário praticar as outras áreas que o planejamento financeiro contempla: balanço patrimonial, perfil de investidor, alocação e gestão da carteira de investimentos, proteção de renda e patrimônio (seguros) e planejamento sucessório. Todas essas áreas são revisadas, pelo planejador financeiro, seguindo o procedimento de coleta, análise, elaboração, validação e implementação de recomendações. Por isso, consultar um profissional planejador financeiro certificado pela Planejar é recomendável.
*Hugo Manoel Marcato Affonso é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: hugo@lavre.com.br. As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar.
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